vida

Segundo a Organização Mundial da Saúde, OMS, o Brasil ocupa o 9º lugar na lista dos países cuja população morre mais em números absolutos de doenças cardíacas. O dado faz parte do Atlas de Doenças Cardíacas e Derrames da OMS. O relatório diz que as doenças cardiovasculares matarão mais de 24 milhões de pessoas por ano até 2030. O Brasil só fica atrás de países como China, Índia, Rússia e Estados Unidos. Atualmente, 17 milhões de pessoas morrem por ano em todo o mundo por doenças ligadas ao coração. Mas o coração está ligado a fatores diretamente associados com uma boa qualidade de vida. No mundo moderno onde o lema da sociedade capitalista, tempo é dinheiro, é levado às últimas conseqüências, e o ser humano é tratado como uma máquina, fica difícil conciliar vida saudável com a correria do dia-a-dia. Sedentarismo, colesterol alto, obesidade, estresse e pré disposição genética.

Esses fatores juntos são as principais causas de doenças cardíacas, também consideradas por especialistas como o Mal do Século. As doenças no sistema cardiovascular são as maiores causadoras de mortes em todo o mundo. Se tomarmos como indícios os hábitos alimentares do baiano que inclui acarajés, abarás e muita moqueca regada no azeite de dendê, a questão é preocupante. Alimentos ricos em gordura elevam as taxas de colesterol no organismo. Pesquisas recentes apontam o colesterol como reponsável por 4,4 milhões de mortes anuais em todo o planeta.

Alimentação e qualidade de vida
“Viver melhor não implica em deixar de fazer aquilo que gosta”. Essas são palavras da dona-de-casa Marialva Conceição, 55 anos. Ela diz que reaprendeu a se alimentar e a viver após sofrer um infarto há 10 anos. “Antes eu consumia muita comida enlatada, com muito condimento. Abusava da moqueca e de alimentos ricos em gorduras. Não fazia nenhum exercício físico”, explica. A dona-de-casa também informa que seu quadro clínico já sinalizava para futuros problemas cardíacos. “Tinha predisposição genética e pressão alta. Um belo dia fui pega de surpresa. Minha pressão chegou a 18. Suei muito e senti um forte aperto no peito, que me impediu de respirar”, lembra e acrescenta: “Fui internada. Fiquei dois meses na UTI e depois fui para o quarto do hospital após a operação. Nessa luta foram quase quatro meses de muita expectativa e agonia. Os médicos chegaram a me desenganar. Mas sou como um vaso ruim, difícil de quebrar”, brinca. Após a operação, Marialva Conceição passou a adotar hábitos saudáveis que incluiam refeições leves, abusando de frutas e verduras. Sucos e água de coco não faltam em sua geladeira. Os enlatados não são mais encontrados nos armários, que abrigam os medicamentos que toma diariamente. Cerca de 5 ao todo, mais o aparelho de medir pressão. “Gasto em média R$ 300 por mês com os remédios. Faço caminhadas regularmente. Como nunca fumei e nem consumo álcool, minha recuperação foi invejável”, cita.
Para o presidente da Comissão Científica da Sociedade Baiana de Cardiologia, Mário Rocha, a medicina evoluiu nos últimos tempos. Pesquisas com células tronco e inserção de técnicas e exames mais modernos auxiliam tanto no diagnóstico quanto no tratamento. “As pesquisas com células tronco estão em fase inicial. Tanto na aplicação de pacientes acometidos por Doença de Chagas, quanto na hisquemia. O governo federal tem feito a sua parte, apoiando. Ele credencia hospitais, busca pesquisas. Quando houver resultados tanto do Brasil quanto de outros pesquisadores do exterior, eles serão utilizados no tratamento”, diz. O cardiologista do Hospital Português lembra que entre as principais doenças cardíacas, a cardiopatia hisquêmica, mais conhecida como obstrução dos vasos coronarianos que propcia o infarto, a morte súbita ou parada cardíaca e a miocardiopatia, são doenças que merecem atenção. “Na miocardiopatia, o coração deixa de bombear sangue para o tecido. O músculo fica insuficiente e deixa seqüelas”, cita.

Mário Rocha diz que a prevenção é a melhor forma de evitar doenças. A cardiologia avançou nos últimos anos no campo da cirurgia. No caso de doenças coronarianas, quanto mais cedo a descoberta, melhor será a resposta ao tratamento. “A medicina avançou nas áreas de intervenção e cirurgia cardiovascular. A intervenção cirúrgica é feita sempre no último caso. Adotar bons hábitos na juventude vai auxiliar na velhice do paciente. Ele vai envelhecer com mais saúde”, esclarece o presidente da comissão científica da Sociedade Baiana de Cardiologia. O uso da angioplastia com stent embebecido, técnica de ponta da medicina, evita a redução do tamanho dos vasos. “Antes, fazíamos intervenções no paciente só que com o tempo isso se mostrou não apropriado. Hoje o stent embebecido com produtos químicos dá uma resposta satisfatória ao tratamento. A dilatação dos vasos é necessária para que o sangue faça seu trajeto”, esclarece. Mário Rocha considera Salvador uma cidade com uma cardiologia excelente. “A cardiologia de Salvador tem um bom nível. O uso do teste de esforço e métodos com imagem como a cintilografia miocárdica são importantes na hora do melhor diagnóstico”, pontua.

Vinho – aliado?

Uma descoberta feita por pesquisadores é a relação do consumo de vinho com a diminuição dos índices de doenças cardíacas. Países como a Itália, onde o consumo do produto é alto, serviram de foco para as pesquisas. Mas para Mário Rocha, é melhor fazer uso de hábitos saudáveis. “Em países de clima frio, onde o consumo do vinho é alto, há dados que apontam para uma menor incidência de doenças do aparelho cardiovascular. Contudo é melhor as pessoas optarem por hábitos saudáveis, pois não podemos prever se o paciente tem predisposição ao alcoolismo”, finaliza o cardiologista.

Colesterol em debate

Acontece hoje, a partir das 20h, no Restaurante Babagula, um simpósio sobre ‘Abordagem e Implicações da Síndrome Metabólica’ e ‘Doença Aterosclerótica Não-Coronária. O evento voltado para a área médica, faz parte do Ciclo de Educação Médica Continuada, promovido pela Libbs Farmacêutica, e reúne especialistas para discutir novas tendências para o tratamento da Síndrome Metabólica, Doença Arterial Obstrutiva Periférica.

Fonte: Jornal Tribuna da Bahia, Salvador, pg. 12

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