07 nov

Doença Renal Crônica: uma consequência oculta e pouco divulgada da Obesidade.

Artigo

Estudos têm demostrado uma forte correlação entre a epidemia de Obesidade e o aumento de casos de Doença Renal Crônica. O Diabetes Mellitus, a Hipertensão Arterial, a resistência à insulina, sabidamente associados ao aumento de peso, contribuem para essa situação, porque são causadoras de doença renal. No entanto, pesquisas têm revelado que a obesidade, por si, afeta a função renal. Nos indivíduos obesos observa-se sobrecarga de trabalho para os rins (via um mecanismo chamado de hiperfiltração glomerular). Ocorrem ainda inflamação e fibrose (cicatrização) dos rins mediadas por moléculas inflamatórias produzidas nas células que armazenam gordura no organismo (adipócitos), entre outros processos patológicos.

Pouco se tem falado desse inimigo oculto (a doença renal) no processo do ganho de peso da população. Mas a associação destas duas condições é tão importante e maléfica que a relação entre Obesidade e Doença Renal foi o tema escolhido pela campanha internacional do Dia Mundial do Rim de 2017, para divulgar os novos conhecimentos nessa área e a conscientizar profissionais de saúde e pacientes sobre a gravidade potencial dessa associação. Estatísticas americanas indicam que o aumento de peso e do índice de massa corpórea estão intimamente relacionados ao número de casos novos admitidos com estágio final a doença renal (que precisa de hemodiálise e transplante renal). O aumento de peso corporal parece estar relacionado à frequência de indivíduos que entram em programa de diálise também em outros países desenvolvidos.

Mesmo para os indivíduos que não precisam de diálise ou transplante renal, ter uma doença renal crônica, ainda que no seu início, aumenta o risco de complicações, inclusive com a diminuição da expectativa de vida. Um problema que se apresenta é que a maior parte dos pacientes com doença renal NÃO TEM SINTOMAS. Ou seja, para se saber que tem, é preciso fazer uma boa consulta médica (com médicos que identifiquem fatores de risco para o problema) e encaminhamento para exames laboratoriais. A dosagem da albuminúria (albumina na urina, microalbuminúria) e a dosagem de creatinina no sangue (para estimar a filtração glomerular) são os exames recomendados para todos os pacientes sob risco de doença renal crônica. Entre estes pacientes estão aqueles portadores de Diabetes Mellitus, Hipertensão Arterial e algumas doenças cardíacas, Obesidade, pedras nos rins, algumas doenças urológicas, gestação, pacientes que têm familiares com doença renal crônica conhecida entre outras. Diagnosticar cedo pode ajudar a evitar ou diminuir o impacto das complicações desta doença que é comum e de alta morbidade.

Uma fonte segura para conhecer mais sobre a doença renal é o site da Sociedade Brasileira de Nefrologia (www.sbn.org.br).

 

 

Dra. Marília Bahiense Oliveira

CRM-BA 12544

Nefrologista e Clínica Geral, Clínica Baros

Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo

Mestre em Medicina pela Universidade de São Paulo

Especialista pela Sociedade Brasileira de Nefrologia

Residência Médica Clínica Médica e Nefrologia, Universidade de São Paulo

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